quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Frei Luís de Sousa - o Romeiro



O Romeiro

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As falas do Romeiro dão-nos indícios de quem ele efectivamente é:

"— Do Santo Sepulcro de Jesus Cristo." - Chegada de África.

"(...) morei lá vinte anos cumpridos." - Permanência demorada.

"(...)Oh! eu não merecia estar onde estive: bem vedes que não soube morrer lá." - Estada forçada e amargurada em África.

"— A minha família… Já não tenho família." - Perda da sua família.

Todas as informações reveladas pelo Romeiro coincidem com as circunstâncias trágicas do desaparecimento de D. João, indiciando que se trata da mesma pessoa.

As didascálias que acompanham as falas de D. Madalena (acto II, cena XIV e XV) permitem reforçar o evoluir dramático da situação: (Com um grito espantoso); (Espavorida); (Na maior ansiedade); (Aterrada).

As reacções de D. Madalena confirmam um estado inicial de terror relativamente contido, seguido de uma extrema ansiedade, e uma reacção um pouco mais descontrolada, culminando por fim num grito de extremo sofrimento.

O Romeiro, durante o seu longo discurso, lança inúmeras invectivas num sentido de condenação: “(…) Os mais chegados, os que eu me importava achar… contaram com a minha morte, fizeram a sua felicidade com ela (…); “Pedi-lhe vós perdão a Ele, que vos não faltara de quê.”; “Deus lho perdoará, se puder!”; “(…) sofrei, que ele também sofreu muito.”

Romeiro ou D. João de Portugal sente-se atraiçoado, porque sua mulher não esperou pelo seu regresso, daí as falas amarguradas e condenatórias.

“ROMEIRO

Hoje há-de ser. Há três dias que não durmo nem descanso nem pousei esta cabeça nem pararam estes pés dia nem noite, para chegar aqui hoje, para vos dar meu recado… e morrer depois… ainda que morresse depois; porque jurei… faz hoje um ano… quando me libertaram, dei juramento sobre a pedra santa do Sepulcro de Cristo…”

O advérbio de predicado, “hoje”, com valor temporal destacado refere-se a um dia recorrentemente evocado nas cenas anteriores: sexta-feira.

"O advérbio "hoje" vai ser repetido vinte e quatro vezes até ao fim do acto. É uma espécie de refrão - voz coral que previne o espectador da data em que irão justificar-se os permanentes temores de Madalena."

D. João escolheu a sexta-feira para aparecer à sua esposa, confirma-se mais uma vez o valor funesto que este dia assume nesta peça.

O retrato de D. João, que até à cena XIV funcionara como um meio de evocação do passado, serve, agora como um meio de reconhecimento.

No momento do clímax, Romeiro revela quem é, sem se revelar propriamente, utilizando o pronome indefinido “ninguém”.

Uma família destruída

“MANUEL DE SOUSA

sentado num tamborete ao pé da mesa, o rosto inclinado sobre o peito, os braços caídos e em completa prostração de espírito e corpo; num tamborete do outro lado, JORGE, meio incostado para a mesa, com as mãos postas e os olhos pregados no irmão:"

Esta didascália que introduz o Acto III, mostra-nos que, nesta altura, Manuel de Sousa Coutinho e seu irmão já sabem do regresso de D. João de Portugal. Estas indicações cénicas revelam-nos o estado de choque de Manuel de Sousa Coutinho e a inquietação de seu irmão.

Ao descobrirem que D. João se encontra vivo, Manuel de Sousa Coutinho e D. Madalena pensam de imediato na sua filha.

"MADALENA

— Minha filha, minha filha, minha filha!… (Em tom cavo e profundo.) Estou… estás… perdidas, desonradas… infames! (Com outro grito do coração.) Oh! minha filha, minha filha!… (Foge espavorida e neste gritar.)"

"MANUEL

— Oh, minha filha, minha filha! (Silêncio longo.) (...)Uma filha bela, pura, adorada, sobre cuja cabeça — oh, porque não é na minha! — vai cair essa desonra, toda a ignomínia, todo o opróbrio que a injustiça do mundo (...)"

Fruto de um casamento ilegítimo, uma vez que D. João se encontra vivo, Maria torna-se uma grande preocupação para os pais.

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Observando o diálogo de Manuel de Sousa Coutinho com Frei Jorge, nota-se uma mudança de discurso em relação aos actos anteriores:

· Características visíveis na personagem Manuel de Sousa Coutinho até ao fim do Acto Segundo: coragem, sentido prático, tranquilidade de espírito.

· Características de Manuel de Sousa Coutinho visíveis no início do Terceiro Acto: exasperação, visão trágica, tendência para o exagero, inquietação de espírito.

Depois da revelação que D. João de Portugal não morreu, os traços característicos de Manuel Sousa Coutinho alteram-se, vindo a assumir um carácter marcadamente romântico.

Romeiro e Telmo

"TELMO

(em grande ansiedade)

— Senhor, senhor, não tenteis a fidelidade do vosso servo! É que vós não sabeis… D. João, meu senhor,

meu amo, meu filho, vós não sabeis…

ROMEIRO

— O quê?

TELMO

— Que há aqui um anjo…(...) "

Telmo, quando fala de um anjo, refere-se a Maria. Telmo sente-se dividido afectivamente entre D. João e Maria.

O diálogo entre o Romeiro e Telmo revela a necessidade do primeiro em saber se D. Madalena encetara todos os esforços para o encontrar.

D. João procurou a vingança contra D. Madalena sem reflectir se esta o tinha realmente atraiçoado. Certificando-se junto de Telmo, que esta tinha feito tudo para o encontrar, arrepende-se e procura emendar todo o mal que lhe causou.

A temática do regresso sempre foi muito recorrente na literatura: Na Odisseia, Ulisses, ao regressar a casa ao fim de muito anos, duvida da fidelidade de sua mulher, Penélope, e certifica-se dela antes de revelar a sua identidade.

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A tomada do hábito

D. Madalena e Manuel de Sousa Coutinho encontram uma solução, em relação ao regresso de D. João, numa vida conventual e reclusa. Apesar do extremo sofrimento da separação, Manuel de Sousa Coutinho mostra-se de certa forma conformado. D. Madalena, por seu lado, resiste a esta solução, tal é o seu amor por Manuel de Sousa Coutinho e pela sua filha. Esta solução de morte para o mundo é tipicamente romântica.

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O fim

Maria aparece nesta cena querendo impedir o inevitável. Ela representa a luta de uma filha pelos pais que recusa o destino escolhido pelos dois. Manifestando o seu sentido visionário, esta frágil figura revela que sempre pressentira a desgraça. Nos seus sonhos, Maria via uma figura terrível que a assombrava. Este indício trágico é concretizado ao reconhecer no Romeiro a figura que tanto temia.

Maria acaba por morrer em grande sofrimento, assumindo esta morte um carácter romântico.

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Trabalhinho:


Esta alcachofra foi feita pela minha amiga Teresa. Foi ela quem me ensinou a decorar as bolas desta maneira. Ficam lindas!


A Mena na cozinha

Empadão de carne com esparguete

500 gr de carne de vaca ou de porco picada

1 cebola picada

3 dentes de alho picados

1 dl vinho branco

azeite

1 folha de louro

1 ramo de salsa

sal

pimenta

noz-moscada

queijo ralado

água


Leve ao lume um tacho com azeite, louro, cebola e alhos picados. Deixe refogar até alourar.
Adicione a carne de vaca (ou outra) picada. Quando esta estiver com uma corzinha, junte o vinho branco e um pouco de água. Deixe ferver até a carne ficar cozida. Tempere com sal, pimenta, noz-moscada e um ramo de salsa picada.

Leve ao lume uma panela com o chouriço e água temperada com sal. Quando começar a ferver, junte o esparguete. Deixe cozer o esparguete e retire o chouriço, logo que esteja cozinhado. Pique o chouriço na picadora e junte ao preparado da carne, envolvendo bem. Deixe apurar mais um pouco.

Unte um pirex com azeite e coloque camadas alternadas de esparguete e carne, comece e acabe com esparguete. Salpique com queijo ralado.

Por fim, leve ao forno bem quente, cerca de 20 minutos.

Sirva bem quente com uma boa salada de alface.
Bom Apetite!


1 comentário:

artes_romao disse...

boa noite,td bem?
gostei imenso das novidades,parabéns.
não tenho conseguido passar cá mais vezes, sinto este blog muito 'carregado',lol...
e demora imenso a abrir os publicações.
bom fdsemana, fica bem.
jinhos***