domingo, 25 de novembro de 2012

Temos de pagar a NOSSA dívida? NOSSA?


QUAL "NOSSA DÍVIDA"? "NOSSA? O TANAS" - Por Professor Amadeu Homem

"A esmagadora maioria dos cidadãos portugueses nada fez, ao longo da sua vida pessoal e profissional, para produzir a crise em que nos atolamos. Essa esmagadora maioria está em completo estado de inocência, pois não foi ela, no caso dos funcionários públicos não-políticos, a determinar o seu nível remuneratório; não foi ela a furtar-se ao pagamento dos impostos legalmente previstos na lei; no caso da normal iniciativa privada, não foram estes comerciantes ou industriais – na esmagadora maioria dos casos – a sofismar e contornar a legislação que lhes comandou os negócios; uns e outros não assaltaram bancos, não frequentaram off-shores, não desviaram dinheiros para contas na Suíça, não receberam dinheiros públicos por baixo da mesa, não traficaram influências e não se tornaram réus de evasão fiscal. Se assim foi, a sua responsabilidade no descalabro actualmente existente, é nula. Quando alguns políticos decarreira nos ensurdecem com frases do género de “temos de pagar o que devemos”, há seguramente milhões e milhões de portugueses que podem replicar, com toda a legitimidade: - “mas eu não devo nada a ninguém”. Ou seja, há um discurso político que, pela sua insistência, se ocupa e preocupa em enganar os concidadãos e em gerar neles um calculado e calculista sentimento de culpa. Não foram eles que se encheram de mordomias; não são eles que compram e utilizam automóveis topo-de-gama para as suas deslocações; não foram eles que criaram e subsidiaram Fundações ridículas e completamente inúteis; não foram eles que enxamearam a Administração central e local com filhos, sobrinhos, afilhados e apaniguados; não foram eles que criaram um Parlamento com o dobro ou o triplo de Deputados necessários ao correcto funcionamento da Democracia; não foram eles que decidiram que cada ex-Presidente da República deveria ter ao seu serviço uma incontável legião de funcionários e polícias; não foram eles que criaram Conselhos de Administração em organismos públicos onde se ganha, por Administrador, num dia, o que um português normal não ganha em seis meses; não são eles que ocupam os lugares de mando de Empresas públicas e privadas que funcionam completamente à margem da decência e da moral; não foram eles a estabelecerem ordenados de nababo para os Malatos, os Rodrigues dos Santos e a demais bicharia masculina e feminina da RTP; não foram eles a decretar reformas muito antes do tempo normal para a politicagem; não foram eles a privilegiar os estômagos que digerem no Restaurante da Assembleia da República com preços irrisórios para cardápios de “gourmet”. Eles não fizeram nenhuma destas coisas. E é a esta gente que se grita “temos de pagar a NOSSA dívida”? A NOSSA? Qual NOSSA? Paguem-na VOCÊS, que são os verdadeiros beneficiários do sistema."

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